domingo, agosto 13, 2006

1.2. Finalmente... Mar, Sol, e Areia macia.

Definitavemente o tempo aqui, parou...

Ao descer pela simpática Vila, vislumbra-se um areal extenso, travado por uma arriba fóssil gigantesca, dotada de uma forte personalidade, marcada por rochedos fortes, ângulos agudos e bem vincados, arestas estilizadas... marcas do Tempo que formam a paisagem e a tornam tão bela.

Fico a pensar como seria aquele local há milhares e milhares de anos atrás... quando não havia cabos, nem carros, nem cinzeiros de praia patrocinados pela Vodafone, e muito menos Bandeiras Azuis que demarcam um conjunto de praias integradas numa qualquer norma de qualidade. No entanto, posso confirmar: Odeceixe tem uma Bandeira Azul bem erguida junto à escadaria de madeira, que se vê quase de qualquer ponto da praia, e que passou a ser um símbolo integrante daquela bela paisagem.

Sempre gostei muito desta praia, porque não é uma mera praia. É muito bonita...
Tem zonas verdes na encosta, e além de Mar é banhada por uma Ria, situada do lado oposto ao Mar, e que se alimenta deste através de um braço comprido e profundo que bebe da água salgada e fresca.
Ao admirar a paisagem ao meu redor, tudo me parece tão cuidadosamente concebido, que se gera uma sensação de plenitude ao olhar um cenário perfeto, planeado e esculpido ao pormenor pelo Universo.
Uma união perfeita entre o Masculino e o Feminino, uma dimensão de puro equilíbro de energia Ying e Yang, uma ligação única entre o Oceano poderoso e gigantesco e a pequena Ria de Odeceixe, que num abraço se fundem num único caudal de água doce e salgada, com correntes mas sem ondas, com peixes mas sem algas ou conchas, e iluminada por tons contrastantes de azuis esmeralda e verdes-turquesa, abençoados pelo Sol e pela Lua.

Durante estes momentos de admiração pura, inspirei o cheiro único a maresia da Costa Atlântica. É uma benção dos Deuses usufruir destes pequenos prazes, que para muitos são um luxo.
Instintivamente, deixei de lado os sapatos marroquinos e deslizei ao longo da praia, sentindo a leve massagem da areia morna e macia nos pés... tão branca e macia, deixei-me ir, sentindo os seus mimos de boas-vindas.

Fui caminhando lentamente... senti que começava a abrandar o ritmo citadino. É impossível não o fazer, naquele local. Fui andando, olhando o Mar. Já havia muita gente na praia.
Famílias jovens com crianças pequenas que brincavam à beira-mar, surfistas alourados pelo Sol e alguns também muito morenos, cercados por uma parafernália de acessórios necessários à sua estadia no local: pranchas de todos os tamanhos e feitios, tendas, sacos-cama, geleiras, mochilas de metro e meio, fatos de borracha com letras fluorescentes... enfim um amontoado interminável de equipamento que me fazia sentir uma “turista minimalista", ao olhar para a minha pacata mochila “medium size”, padronizada com flores azul-marinho em fundo kaki, e uma pequena bolsa de cintura tom Safari... hummmm.... kaki sujo?... é por aí. :D

Escolhi um lugar perto da arriba que envolve a praia, e que a torna numa espécie de “porto de abrigo”.
Como não levo Chapéu-de-Sol, é importante assegurar um lugar onde se vá aproximando alguma sombra, ainda durante a manhã, porque o Sol, esse... já escalda! De tarde, a estratégia a adoptar é a mesma.
Vou deslocando a toalha e as “tralhas minimalistas”, de centímetro em centímetro, à medida que o Sol se passeia no céu azul, numa espécie de jogo do “Gato e do Rato”.

Estendi a toalha, deitei-me ao Sol e fechei os olhos... Relaxei.
A energia que me invade é enorne, ao mesmo tempo que sinto uma tranquilidade que me lembra os tempos de criança. Aos poucos, todas as dores nos músculos que o passeio matinal de bicicleta me causara, foram desaparecendo... Estava muito calor. Rumei em direcção ao Mar para me refrescar.
Quando a espuma que resta do movimento ágil das ondas, e que desliza à beira-mar, me acolhe os pés, senti um arrepio na espinha. Um misto de prazer e choque térmico, deixando todo o corpo quente arrepiado pela frescura da água salgada.

A partir daqui, foi fácil... Deixei-me envolver pelo rebentar das ondas que me salpicavam, refrescando o corpo e tornando a Alma cada vez mais leve. Mergulhei fundo, na vertigem da onda antes de se desfazer num estouro forte de espuma e água. Toquei na areia macia que repousa debaixo de água e me mantém o pé...
Após mais alguns mergulhos salgados, regressei à minha toalha. Estendi-me sob o Sol...
Podem existir muitas outras coisas bem melhores, mas este é um dos meus grandes prazeres – sentir o calor intenso do Sol, depois de um banho nas águas agitadas da Costa Vicentina.
Senti-me revigorada, com uma força e energia anímica, capaz de encarar as piores contrariedades da vida.
Como diriam os sábios Hindus – Satyagraha – Força da Alma...

Já perto das duas da tarde, comecei a sentir forme. Estava na hora de fazer uma pausa... da pausa! ;)
Lembrei-me da esplanada que fica mesmo no final da Vila dos pescadores, junto à praia.
Uma pequeníssima esplanada construida com traves de madeira e telhado de colmo, com uma vista inteiramente sobre toda a praia. Vista de Mar e de Ria.
A decoração simples, tipicamente mediterrânea, enche-a de pequenos vasos de barro tosco quase tapados com flores de cacto côr-de-rosa forte, muito miudinhas, dando um ar extremamente acolhedor ao local.

Encontrei uma mesa, o que nem sempre é fácil. Pedi uma salada de queijo Fetta e um sumo natural de melancia, com gelo. Hummm... Adoro Melancia...
O sumo chegou primeiro, e foi suficiente para me acalmar a sede. Fresco e naturalmente doce, aquele nector de melancia estava uma delicia. Sim, eu tenho mesmo uma paranóia por melancia. Talvez numa outra encarnação tenha sido uma melancia, quem sabe... :D
Pouco depois, chegou a salada. Calmamente, e já um pouco reconfortada com o sumo, degustei cada garfada de rúcula, alface, queijo Fetta, azeitonas, e uns oregãos frescos que davam um sabor especial, para além do saboroso azeite que envolvia os ingredientes... Fetta Cheese Salad and all that Great Landscape around me... How lucky I am!

Uma boa parte da tarde foi passada na esplanada. Perto das quatro e meia, regressei à praia. Lá fui para outro lugar com alguma sobra, para garantir que a garrafa de litro e meioa de água gelada acabadinha de comprar, não ficaria morna em pouco tempo.
E ali fiquei, entre um banho de Mar, o calor do Sol, o puro descanso, e total serenidade...



1. Odeceixe, a Pequena Vila do Swd. Alentejano: Acordar e "Pequeno"-Almoçar...

1.1. A Caminho da Praia
1.2. Finalmente... Mar, Sol, e Areia macia.
1.3. Tempo para estar Comigo...
1.4. Fim de Férias: Retorno Revigorado.

Fotografias... Olhares captados em momentos eternamente meus.

1 comentário:

Anónimo disse...

MINHA KERIDA VOCE ESQUECEU-SE DE FALAR DO VENTO PORQUE ODECEIXE SEM VENTO NÃO É ODECEIXE.