Devo ter adormecido. Senti-me flutuar numa outra dimensão, que dificilmente experienciamos durante a vida agitada na Cidade, ou até mesmo em férias dedicadas à descoberta de novas regiões e culturas por esse mundo fora.
Há sempre horários a cumprir.
O “correr para ver” é a regra de ouro para poder alcançar todos os pontinhos previamente assinalados num mapa ou num folheto da agência de viagens...
A última vez que tive férias – há dois anos - foi assim. Mas um pouco pior, porque fui para Marrocos com três amigos, de carro, durante quinze dias.
Percorremos Marrocos de norte a sul, do interior para a costa, estivemos no Deserto, convivemos com o povo local, e nos alimentámos com as iguarias de cada região por onde iamos passando. Foi uma aventura fantástica! O calor rondava os cinquanta graus celcius, e os dias eram longos. As noites, não refrescavam. E não tinhamos nada marcado. Seguiamos um percurso que tinhamos previamente preparado, e apenas levávamos connosco um GPS, que muito jeito deu...
Foi muito divertido, aprendi imenso, e sei que vou voltar. Mas cheguei a Lisboa mais morta que viva, com menos oito quilos, e muito, muito sono.
Por isso, após dois anos de trabalho, sendo que o último ano foi bastante intenso, senti que precisava deste tempo para mim. Para assimilar tudo o que vivi nos últimos meses, quer a nível pessoal, como profissional...
Decidi partir à minha redescoberta.
Pela minha experiência, e pelo que conheço de mim, sei que é assim que ao longo da minha vida vou “crescendo”, detectando mudanças interiores, reflectindo no que Sou, em todos os aspectos da minha Vida. Comigo, e com os outros.
A forma como consigo viver tudo isto e me reencontrar é esta, vivendo o momento, intensamente e de uma forma naturalmente reflectida, também... quase como quem olha para o reflexo de si, numa lagoa mais ou menos tranquila.
Quis quebrar os dias rotineiramente agitados. Nem sempre a rotina é sinónimo de uma actividade calma. A rotina pode ser um flash intenso e longo de actividades sempre distintas e muitas vezes, inesperadas. No fundo, a rotina pode ser um bouquet de dias e actividades constantes, inesperados.
Mas voltando a mim... o que pretendia dizer quando escrevi sobre o querer “quebrar dias rotineiramente agitados” foi tão simplesmente, o cortar com os horários, com as bitolas, com regras, com imposições. Quis estar simplesmente... comigo. Com o que Sou, com o que Me apetece, como Me apetece, quando Me apetece, e com quem Me apetece. Sem margem para obrigações e muito menos, justificações.
Não quis pensar muito. Apenas pensar muito... em Mim. É bom ser-se “egoísta” de quando em vez... ;)
Este reencontro com o que de mais profundo sentimos e somos, parece simples mas pode não o ser.
À medida que o Tempo passa, sinto que estes reencontros se vão pacificando, e que vou gostando cada vez mais de estar comigo. Acho que deve ser um bom indicador. Talvez goste mais de mim, e tenha mais orgulho em quem sou. Ou talvez seja ainda mais simples: creio que sou mais condescendente comigo e com os outros. E entre muitas mudanças e evoluções, olho para trás e sinto que estou no caminho certo.
Fui aceitando o que não consigo mudar, encarando-me em perspectivas diferentes, mais positivas. Por outro lado, o que não gosto, tento mudar e crescer, subindo uns degraus da minha escala em direcção ao meu melhor. Mas todos sabemos que Viver... não é fácil.
No entanto, não temos de pensar na Vida como um fardo pesado, uma espécie de legado duro que nos foi conferido para usufruirmos da nossa passagem por este Mundo!
Viver, Aqui e Agora, é um desafio permanente à nossa Alma! Na realidade, Viver autenticamente, é a melhor coisa que nos pode acontecer: Acreditar, Sentir, Tocar, Partilhar, Tolerar, Rir, Chorar, Dar, Receber, Corar, Abraçar, Questionar, Agir, Trocar, Ajudar, Pedir, Amar, Cair, Levantar, e Caminhar... Sempre.
1. Odeceixe, a Pequena Vila do Swd. Alentejano: Acordar e "Pequeno"-Almoçar...
1.2. Finalmente... Mar, Sol, e Areia macia.
1.3. Tempo para estar Comigo...
1.4. Fim de Férias: Retorno Revigorado.
Fotografias... Olhares captados em momentos eternamente meus.
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